quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

PETRÓPOLIS

PETRÓPOLIS DOS PÁSSAROS, DOS JARDINS FLORIDOS E DO BOM HUMOR
Diz o ditado que desgraça não vem sozinha. De uns tempos pra cá resolvi aumentar a máxima: amor também não vem sozinho. Explico. Vivi dezesseis anos no Rio de Janeiro, retornei a Porto Alegre em maio último. Estava lá entre torturantes funks, estimulantes praias, inigualável Flamengo e minhas maravilhosas filhas quando no dia 17/04 vim a Porto Alegre lançar meu segundo romance "Nenhum pássaro no céu". Naquela noite na Livraria Cultura reencontrei uma conhecida de tempos idos, mas não tanto, e nos apaixonamos. E por esse motivo no dia 31 de maio, 8 graus acusava o termômetro do aeroporto Salgado Filho, desembarquei para ficar. Endereço: Bairro Petrópolis, Av. Lajeado, entre Carazinho e Ijui, rua inexplicavelmente de mão dupla e estacionamento permitido. Aqui espelho retrovisor de direita não respeita espelho retrovisor de esquerda.
Na primeira manhã fui conhecer a praça da Encol, repleta de seres humanos e seres caninos. Todos em perfeita harmonia. Por fora corriam e caminhavam, jovens, adultos e velhos, corpos nem sempre em harmonia, nada de mais, cada qual com sua barriga. Pelas árvores, pássaros e mais pássaros.
Logo me apaixonei por Petrópolis. Na nossa cobertura os papagaios, é isso mesmo; papagaios, costumam fazer algazarras matinais, verdadeiros testes para os tímpanos. Ainda bem que antes das 10 horas eles debandam. Mas isso não é nada se comparado ao sabiá solitário que costumava dar início a sua cantoria exatamente às 05:20h, perdoe, isso era antes do horário de verão. Pra nós. Ele, infelizmente, não tomou conhecimento. Para piorar ou melhorar a situação, vai depender do ponto de vista, o bendito cantor em seguida formou um grupo vocal para acompanhá-lo. Madrugada dessas, ainda escuro, identifiquei o próprio e outros sete. Esqueci de dizer que o concerto se dá na árvore em frente a janela de nosso quarto.
Não, amigo leitor, Petrópolis não se resume aos sabiás e papagaios no quesito fauna, além dos cães que encantam a praça da Encol e cujos donos, educadíssimos, não permitem dejetos nas calçadas, temos por aqui, bem-te-vi, coruja,beija-flor, joão de barro,pombo,canário da terra, pardal, rabo de palha, andorinha, gavião, caturrita e, pasme, ecológico leitor,quero-quero. Duvidou? Vá à praça citada por volta das sete da manhã, os encontrará por lá e por vezes no canteiro central da Av. Nilópolis.
A praça da Encol é um caso a parte, dos cães aos quase atletas passando pela turma da bocha , sem esquecer os "cachorreiros" e a garotada da paquera. É dessa turma que da credibilidade que meus seis meses de Encol me permitem, nomeei sindico da praça, exclusivamente para assuntos de ordem social comemorativa, o acadêmico de direito da PUC, Felipe Borba. Dia sim, dia também, entre 17 e 19h você o encontrará com seu indefectível boné na busca de algum motivo para uma nova comemoração. É esse o espírito de Petrópolis. Alguma festa se avizinha. Por falar em praça da Encol, o mapa diz que ela pertence a Bela Vista, mas no último domingo realizei uma enquete com os freqüentadores.Entrevistei 212, 191 residiam em Petrópolis. E vocês sabem, contra a estatística não há argumento.De modo que, arrá., uruu, a Encol é nossa!
É pelas ruas de Petrópolis que costumo realizar minhas corridas, sempre sob o olhar das árvores, nessa época quase todas floridas, aqui o oxigênio tem perfume e o tempo tem sua melodia . Suave,cabe ressaltar.
Petrópolis é diferente dos demais bairros da capital, por isso que foi dito e muito mais, quer saber mais um pouco? Aqui você pode encontrar a qualquer instante, na Encol, no mercado; com nossa cronista maior, a Martha Medeiros. Que outro bairro recebe diariamente o charme, a sensibilidade e a simpatia de Martha?
Viver em Petrópolis é um privilégio, restaurantes de alto nível , os requinte dos pães, dos doces e dos funcionários da Padaria Merco Pan, na Ijuí, os lanches,as conversas e as cervejas nos finais de tarde, as noites ainda sem medo num bairro alegre.
É isso. Petrópolis, meu segundo amor,de onde escrevo meu terceiro romance.Entre os torturantes sabiás.
Aceite meu beijo, meus agradecimentos , e o desejo de que os sabiás passem a cantar um pouquinho mais pra lá.
PS: Mas estacionamento permitido nos dois lados da Lajeado, é sacanagem!
Luíz Horácio
Escritor, autor dos romances Perciliana e o pássaro com alma de cão, ed. Conex e Nenhum pássaro no céu.;ed. Fábrica de Leitura, professor de Literatura, mestrando em Letras.

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