terça-feira, 8 de abril de 2008

O amanhecer é o momento crítico do meu dia. É quando se estabelece minha angustiante luta interior, onde a certeza da falta de sentido me puxa para o fundo do abismo e ao mesmo tempo minha covardia evita que sucumba definitivamente.
Paliativos sempre surgem, o sorriso de uma filha, o abraço de outra, o telefone do filho, mas todos muito distantes, exageradamente distantes. E me dou conta da minha solidão que não será debelada com a presença dessa ou daquela pessoa. É a solidão de quem sabe que está vivo e portanto à disposição da morte. Sou um velho solitário que não aprendeu a amar, meio século não foi o bastante...agora é tarde.
Da varando do apartamento avisto Porto Alegre, dia 17 estarei na Livraria Cultura do shopping Bourbon Country lançando meu segundo livro "Nenhum pássaro no céu", no dia seguinte participarei da Feira do Livro de Rosário do Sul e no amanhecer do dia 19 o tal abismo estará ainda mais profundo, a solidão muito maior. Não sei até quando minha covardia vencerá essa luta.

Um comentário:

BENTANCUR disse...

Valente e talentoso Luíz Horácio:

teus textos revelam a imensa coragem em admitir a própria precariedade, a indubitável transitoriedade de todos nós, que tu carregas, como um Atlas, sozinho. Por isso não nos desamparas, a nós, que te lemos.

Obrigado.